Registro das primeiras
Fraternidades da OFS no Brasil
Sem dúvida alguma, os privilégios espirituais concedidos pela Igreja aos
religiosos mendicantes, e extensivos às ordens terceiras por meio de diferentes
bulas e constituições apostólicas, são fatores para explicar a adesão
significativa de fiéis de ambos os sexos às referidas associações. Mesmo que se
filiassem a diversas outras irmandades leigas ao longo da vida, no momento
crucial de elaboração do testamento e de escolha do local da sepultura,
acabavam preferindo inumar-se na capela da Ordem Terceira, utilizando o hábito
dos religiosos ou da própria Ordem (Martins, 2009, p. 371-412). Na medida em
que o ingresso em uma determinada associação local de irmãos terceiros
franqueava a estes a participação em uma fraternidade existente em diversas
partes da Cristandade - a Ordem Terceira de São Francisco, este fator garantia
ao fiel a pronta obtenção de um lugar de sepultura, de sufrágios e de
assistência em qualquer lugar onde existisse a rede de sua Ordem. Tal
característica, que distinguia as ordens terceiras em relação às irmandades,
cujo âmbito de atuação era somente local, tornou-se particularmente importante
no mundo colonial lusitano, marcado pela ampla mobilidade das populações. Por
isso, as ordens terceiras foram denominadas "âncoras em terra estranha,
caracterizada pela instabilidade e incerteza" (Russell-Wood, 1989, p. 13).
Uma das trajetórias mais impressionantes a este respeito é o caso do
negociante Francisco de Seixas da Fonseca, que ocupou por três vezes o cargo de
ministro - o mais elevado - da Ordem Terceira de São Francisco do Rio de
Janeiro. Em 1711, tinha sido o mais importante contribuinte individual no
pagamento dado aos franceses para o resgate da cidade do Rio de Janeiro. Ao
falecer, em 1730, era possuidor de uma fortuna de mais de cem contos de réis.
Na sua prole numerosa, havia um bispo, um monge beneditino e quatro freiras
professas, uma possível estratégia para conter a dispersão do patrimônio
(Sampaio, 2003, p. 262-299).
No que tange aos frades da Ordem Terceira Regular de São Francisco,
presentes no Brasil, há referências nas ementas documentais nº 1 e de nº 27 ao
nº 32 (MARTINS, 2018). A partir do século XV, algumas comunidades de irmãos
terceiros adotaram a vida na clausura e professaram os três votos solenes que
caracterizavam as ordens regulares, distinguindo-se, desta maneira, dos irmãos
terceiros que viviam no século com diferentes estados e ofícios. Os terceiros
regulares tornaram-se, assim, uma ordem constituída em sua plenitude, com
prelados superiores próprios, plenamente separada dos ramos claustral e
observante da Ordem franciscana (Iriarte, 1985, p. 570-574; Moorman, 1968, p.
560-568).
Atualmente no Brasil tem sede própria à Avenida 13 de Maio, nº 23 conjunto 2232/34, Centro, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, e nesta a Comarca de seu foro. Somos 16.345 irmãos professos, 612 Fraternidades distribuídas em 15 regionais. Cada Conselho Regional da OFS é composto por: Ministro, Vice Ministro, Tesoureiro, Secretário, Coordenador de Formação e os Assistentes Espirituais (estes Frades). As Fraternidades Locais possuem os seus Conselhos Locais com a mesma composição.
Instalação da OFS - Fraternidade
São Francisco de Assis em Belém
1.
“Fr.
Mansueto de Peveranza, OFMCap, de acordo com o Superior Regular e com prévia
licença escrita do Ordinário Diocesano, depois de ter suficientemente instruído
o povo, com pregação diária, durante todo o novenário em preparação à Festa de
São Francisco de Assis, nesta data (04 de outubro de 1907) com satisfação e
admiração de todos, impôs solenemente o Sagrado Hábito da Ordem Terceira de São
Francisco a 200 pessoas de ambos os sexos, ficando assim instalados as duas
congregações na nossa Capela de N. Sra. Auxiliadora dos Cristãos em Belém.
Aguardando, todavia por ocasião mais oportuna a formação e a nomeação dos
Mesários ou respectivos Conselhos”. (Por Fr. João Pedro Sexto – Superior
Regular, conforme livro tombo Belém, Pág. 52 / Fl.53).
2.
Em 1957, a OFS comemorou seu Jubileu de
Ouro - 50 anos de ereção em Belém do Pará, como consta na revista mensal de
orientação franciscana – propriedade dos “padres” capuchinhos da Custódia
Maranhense. Na época, a Ministra da Fraternidade era irmã Hermínia Távora de Albuquerque que informa que dia 04 de outubro de
1957 a OFS recebeu a profissão solene de mais 37 noviços. Em 18 de maio de
1958, Dom Alberto Gaudêncio Ramos consagrou o Santuário e o Altar da Igreja
Matriz São Francisco de Assis, erguido num gesto de fé e de amor pelas
irmandades e fiéis benfeitores de perene recordação do cinquentenário de
fundação da Ordem Terceira de São Francisco.
3.
Em profunda comunhão com a Ordem dos
Frades Menores Capuchinhos, a Fraternidade S. Francisco de Assis, CNPJ:
04788261/0001 – 79 se reunia no salão Bento XV, anexo à Paróquia dos Capuchinhos
(Situada na Tv. Castelo Branco Nº 1541, São Brás, CEP: 66063-223). Até que em 18
de outubro de 1971 conseguiu sede própria denominada “Núcleo Promoções Santa
Clara – Abrigo à velhice Desamparada”[1]
localizada na Tv. Guerra Passos - Pass. Virgílio de Mendonça, nº 08, conjunto
Alacides Nunes, CEP: 66073-290, Bairro Guamá, Belém/ Pará. Cujo terreno foi
doado pela Santa Casa de Misericórdia do Pará.
4.
Os arquivos de atas da OFS datados antes
de 1957 foram extraviados em uma situação de reforma de nossa sede. Contudo, o
livro tombo dos Capuchinhos de Belém - presente na sede da Província Capuchinha
Nossa Senhora do Carmo (na cidade de São Luis/ MA), o documento sobre o Decreto
de Ereção (Cf. Art.46 CCGG) e demais documentos históricos citados, já servem
como embasamento de nossa presença na Arquidiocese de Belém.
Centenário
da Fraternidade São Francisco de Assis – Belém.
5.
Em 04 de outubro de 2007 a OFS –
Fraternidade São Francisco de Assis comemorou seu centenário de presença nestas
terras amazônicas. Em pequenos relatos, procuraremos citar alguns franciscanos
que fizeram parte desta Fraternidade e que já não estão mais em nosso convívio,
pois voltaram para o Pai. Citaremos ainda outros que ainda contribuem para o
fortalecimento da mesma.
6.
Como uma das fundadoras, encontramos a
ficha de admissão da irmã Alice Teodora da Silva Feitosa, que
no dia 04 de outubro de 1907, recebeu o hábito de vestição e, no mesmo do ano
seguinte, proferiu a profissão perpétua à Regra de Vida da OFS. Na década de
20, mais especificamente em 19 de março de 1924, professava a irmã Francisca Gonçalves Pimenta. Na década
de 30, ainda temos no arquivo atual o registro da profissão perpétua das irmãs:
Antonia Mendonça Pinheiro, Estefania do
Espírito Santo, Izabel Ribeiro dos Santos. Constam também alguns irmãos que,
a partir de 1940, professaram. Dentre os quais: Edgar Tavora de Albuquerque, Anália de Freitas Leite, Herminia Cardoso
De Albuquerque, Esther Nascimento Sousa, Joana de Carvalho Barros, Maria
Antonia de Araújo, Maria Rosalina Araújo.
7.
Entre os anos de 1950 e 1955, relatamos
outros irmãos que professaram neste período e certamente muito contribuíram com
a história da Ordem Terceira Secular: Deolina
Maria Vaz, Laura dos Anjos Castro, Flaviana da Silva Castelo Branco, Guiomar
Brígido, Maria Teixeira de Jesus, Mariana de Carvalho Gazél, Justina Pinto Gama
Nascimento, Benvinda Nascimento, Ana Sarmento de Araújo, Ana Ferreira De
Moraes.
8.
Certamente, não somente os citados, mas
todos os irmãos e irmãs neste cinquentenário cumpriram seu ideal franciscano de
viver o Evangelho nos passos de São Francisco de Assis e nos presentearam
cuidando da Fraternidade com o auxílio da Assistência espiritual e pastoral dos
frades capuchinhos lombardos. Dentre os quais, conta em nosso livro de registro
com termo de abertura datado em 26 de fevereiro de 1961 em diante: São Martinho
Olearo (fundador da Missão), Mansueto de Peveranza, João Pedro Sexto, Hermes de
Maria, Daniel de Samarate Hortêncio de Treviglio Conti (Assistente Regional da
O.T.S/ Maranhão-Pará), Angelo Olginati, Hermes Recanati, Marcos Queiroz Câmara,
Aligi Quadri, Luis Rota, João Franco Frambi, Antônio Macapuna, Antonio Forneri,
Mauro Galli, Guilio Paulini (grafia incerta, citado nas Atas como
Frei Paulino), Apolônio Troesi, Serafin Seráfico, Elias Baldeli.
9.
Muitos irmãos e irmãs doaram suas vidas,
seguindo os passos de São Francisco de Assis, ao professarem a Regra da Ordem Terceira
Secular em Belém. Destes podemos listar, a partir do ano de 1957, os Ministros
(as) que serviram por muitos anos com presteza e generosidade a esta
Fraternidade: Irmã Hermínia Cardoso Távora de Albuquerque (1957 a 1961); Irmã
Justina Pinto Gama (1961 a 1964); Irmã Rosa Melo do Rosário Souza (1964 a 1970);
Irmã Justina Pinto Gama (1970 a 1974); Irmã Margarida Botelho da Costa (1974 a
1977); Irmão Josemar Pragama Toscano (1977 a 1979); Irmã Flaviana da Silva
Castelo Branco (1979 a 1980); Irmã Amélia Catarina Lobo Pinheiro (1980 a 1983);
Irmã Justina Pinto Gama (1983 a 1986); Irmã Amélia Catarina Lobo Pinheiro (1986
a 1989); Irmã Zilma Alves Magalhães (1989 a 1996); Irmã Inês Amaral Pereira
(1996 a 1999); Irmão Lélio Railson Dias de
Alcântara (1999 a 2002); Irmã Inês Amaral
Pereira (2002 a 2005); Irmã Marúcia Conceição
Tocantins Conte (2005 a 2008); Irmão Raimundo Nonato Lopes Paulo (2008 a 2011);
Irmão Lucivaldo da Silva Costa (2011 a 2013); Irmã Marúcia Conceição Tocantins
Conte (2013 a 2016); Irmão Antônio Alves de Sousa (12/2016 a 12/2019); Irmã
Glória Maria Carvalho de Sousa (12/2019 a 12/2022)
10.
Deste modo, o Conselho atual da
Fraternidade São Francisco de Assis está composto pelos seguintes irmãos:
(Ministro) Antonio Alves de Sousa;
(Vice-Ministro) Raimundo Nonato Lopes Paulo;
(Secretária) Marúcia Conceição Tocantins Conte;
(Tesoureiro) Raimundo Nazareno Cardoso Abdon;
(Mestre de Formação) Glória Maria Carvalho Sousa.
11.
A Fraternidade São Francisco de Assis,
em sua sede própria citada no parágrafo 16, tem convívio fraterno aos primeiros
e terceiros domingos de cada mês, das 8h às 12h, nos quais oferecemos formação
continuada. Somamos trinta e sete irmãos: 11 irmãos que estão afastados no
Serviço aos Enfermos e Idosos (SEI), 19 professos ativos, 04 formandos, 04
iniciantes, 02 simpatizantes.
12.
A missão dos Franciscanos
Seculares é atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular (Cf. Reg.
2; CCGG. Art. 3º), empenhados pela Profissão à Regra comprometem-se a viver o
Evangelho à maneira de São Francisco. Como apostolado de sua
vocação específica, a OFS se dedicou a abrigar pessoas idosas desamparadas
assistindo-as com uma equipe de profissionais de saúde e irmãos professos da
Fraternidade que cuidavam do funcionamento do Núcleo. Atualmente, o referido
abrigo encontra-se desativado. Contudo outras obras sociais são realizadas para
a comunidade do Guamá. E também é disponibilizado o espaço para os encontros
fraternos e de formação, retiros, capítulos e outros eventos religiosos.
13.
Nossas atividades mais relevantes são:
acolhida em nossa casa, a assistência de animação fraterna ao Núcleo da
Juventude Franciscana (JUFRA), com 22 irmãos presentes na comunidade Santa
Isabel da Hungria (Paróquia dos Capuchinhos), formação semanal da OFS (Formação
humana, cristã e franciscana), atividades de divulgação e manutenção do carisma
franciscano, comunicação, liturgia, catequese, e participação nas pastorais
sociais em diversas paróquias da Arquidiocese de Belém. Por meio do Serviço de
Justiça. Paz e Integridade da Criação – JPIC (serviço de nosso carisma secular)
somos Presença no Mundo.
14.
Os dezenove irmãos professos ativos na
Fraternidade São Francisco de Assis pertencem respectivamente às paróquias: Adna Neirão Reymão, (Capuchinhos); Ana Rita Duarte de Oliveira (Jesus Bom
Samaritano); Antônio Alves de Souza (Nossa
Senhora Rainha da Paz); Cloves de
Miranda Lima (Santa Cruz); Elizabet
Dias de Alcântara (Capuchinhos); Francisco
José Corrêa de Araújo (Capuchinhos); Glória
Maria de Carvalho Sousa (Capuchinhos); Irene
Batista (Paróquia Nossa Senhora Da Graça – Catedral); Josefa de Miranda Lima (Santa Cruz); Lélio Railson Dias de Alcântara (Capuchinhos); Lorena Silveira Castelo Abdon (São José de Queluz); Luana Teixeira do Carmo (Capuchinhos); Maria do Socorro Pinheiro de Moraes (Capuchinhos);
Maria da Silva Freitas (N. Srª de
Nazaré do Desterro - Basílica Santuário); Maria
da Paz Gonçalves (Capuchinhos);
Margarida
Assis de Oliveira Mendes (São
Jorge); Marúcia Conceição Tocantins
Conte (Santíssima Trindade);
Raimundo Nazareno Cardoso Abdon (São
José de Queluz); Raimundo Nonato Lopes
Paulo (Cristo Rei).
15.
Sobre a nossa sustentabilidade
financeira, os irmãos e irmãs contribuem mensalmente com a doação fraterna para
custear a manutenção da sede da Fraternidade, vida fraterna, ações sociais e
pastorais e contribuição fraterna para o Regional Norte 2. Alugamos algumas
dependências de nossa sede para eventos religiosos e estabelecemos parceria com
os frades capuchinhos e pastorais sociais.
16. Na Arquidiocese de Belém, além da Fraternidade São Francisco de Assis, há mais duas Fraternidades: Santo Antônio de Lisboa (Erigida dia 04 de outubro de 1992, em Belém - com 08 irmãos professos. Responsável Irmã Casimira de Melo Savelarinho - Paróquia Santo Antônio de Lisboa) e Santa Maria dos Anjos (Erigida dia 04 de outubro de 2004, em Icoaraci - com 12 irmãos professos. Ministro Irmão Ricardo do Nascimento - Paróquia Nossa Senhora de Fátima)
[1] Texto retirado do artigo “Ordens terceiras no Império luso-brasileiro: estabelecimento, difusão e conflitos (séculos XVII-XIX)” de William de Souza Martins, disponível em: http://historiacolonial.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5205&Itemid=346
[2] MARTINS, William de Souza. Membros do corpo místico: ordens terceiras no Rio de Janeiro (c. 1700-1822). São Paulo: Edusp, 2009.
[1] Atestado assinado por Dom Alberto Gaudêncio Ramos, Arcebispo de Belém, em 13 de outubro de 1971.