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ORDEM FRANCISCANA SECULAR COMPLETA 110 EM BELÉM

Fraternidade São Francisco de Assis festeja no ano de 2017, cento e dez anos.

SERVIÇOS AOS ENFERMOS E IDOSOS

Refletindo sobre o Serviço dos Enfermos e Idosos (SEI) na Ordem Franciscana Secular.

A FORMAÇÃO DO FRANCISCANO SECULAR

a formação é afirmação crescente da personalidade e desenvolvimento das faculdades e capacidades da pessoa humana.

CAPÍTULO GERAL DA OFS

Eu os envio ao mundo (Jo 17,18)

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domingo, 18 de outubro de 2020

SERVIÇO DE JPIC OFS REGIONAL NORTE 2

O Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Ordem Franciscana Secular, Regional Norte 2 (Pará-leste e Amapá) está produzindo uma série de 07 vídeos com a leitura comentada do Documento Final resultante do 1º Encontro Nacional de Formação para Animadores de JPIC.


Esta iniciativa é fruto do último XV Capítulo General Ordinário da Ordem Franciscana Secular, realizado entre os dias 04 e 12 de novembro de 2017, em Roma/ Itália, no qual se fixou o nome de JPIC em nível mundial para reunir nossos esforços na construção de um mundo de Paz e Bem em união com a Família Franciscana e outros carismas que atuam na JPIC.

Por isso, o objetivo do referido Encontro Nacional de Formação foi rever a organização do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) para melhor atender as exigências de nossa Regra, das Constituições Gerais e do Conselho Internacional da OFS que nos apontou o JPIC como uma prioridade de nossa vida, com a qual todo franciscano e franciscana deve se comprometer.

Os vídeos que estamos oferecendo é uma proposta pedagógica para animar e incentivar a Formação de JPIC em nosso regional, pois durante a pandemia do novo corona vírus, as formação presenciais estão impossibilitadas de ocorrer. Contudo, os irmãos e irmãs podem acompanhar a leitura do documento junto com o coordenador regional de JPIC, irmão Francisco Araújo. Para maior acessibilidade do material, pensamos também em converter os vídeos e disponibilizá-los em áudio. 

Acompanhe os vídeos:












segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O DISTINTIVO DA OFS: SECULARIDADE E IDENTIDADE

 

Este texto é um convite para a reflexão, pois consideramos viver em um tempo de graça que nos prepara à Celebração dos 800 anos da Terceira Ordem Franciscana, a se realizar entre os dias 24 a 26 de junho de 2021, na cidade de Canindé/CE, cujo tema é: Memória, Compromisso e Esperança. Por isso, queremos chamar a atenção para nossa memória, voltar às fontes e avaliar nossa forma de vida, nosso compromisso evangélico de fraternidade e nossa secularidade que nos convidam para sermos sujeitos eclesiais na Igreja e na sociedade. Neste sentido, o distintivo dos irmãos e irmãs da OFS deseja externalizar a beleza da vocação penitente recebida no sincero desejo de conversão e perfeição da caridade cristã (Cf. FF, Fioretti Capítulo 16).

            São Francisco e seus primeiros companheiros se apresentaram como "Penitentes de Assis", antes mesmo da aprovação pontifícia de sua Regra. São rastros do amplo movimento mendicante nascido, aproximadamente, no século V. Assim, Em 1221, nasceu a "Terceira Ordem", formada por leigas e leigos. O compromisso de conversão levava consigo uma série de renúncias e de isenções, bem como, o distintivo de um hábito penitencial além de um rigor maior do que os cristãos comuns quanto aos jejuns e frequência de sacramentos.

            A Ordem Franciscana Secular tem suas origens no século XIII, no início de sua história vê-se reconhecida pela Igreja como Irmãos e Irmãs da Penitência. O Papa Honório III contou com a colaboração do Cardeal Hugolino para escrever a primeira Regra “Memoriale Propositi” com a primeira denominação Ordem da Penitência, confirmada pelo Papa Gregório IX, em 1221. Em 18 de agosto de 1289 o Papa franciscano Nicolau IV, com a Bula “Supra Montem” reconhecia São Francisco como fundador da Ordem da Penitência e a denominava de Ordem Terceira de São Francisco. Em 1883, o Papa Leão XIII promulga uma nova Regra, com a Constituição “Misericors Dei Filius”. Citaremos agora, alguns elementos históricos que nos ajudarão a fazer memória destes primeiros séculos.

            Luquésio de Poggibonsi, comerciante e, por fim já terceiro entregue às obras de caridade, junto com sua esposa Buonadonna, segundo a tradição, são considerados os primeiros a receberem o hábito das mãos de São Francisco de Assis.


 

           





Com o passar dos anos, Santa Isabel da Hungria e São Luís IX foram aclamados como patronos da Ordem. E assim como eles, vários outros santos seculares seguiram os passos de nosso fundador, São Francisco de Assis, que de fato viveu intensamente uma espiritualidade identificando-se com Cristo, por isso, devemos viver: 1) uma espiritualidade cristocêntrica católica; 2) no espírito dos conselhos evangélicos: pobreza, obediência e pureza de coração; 3) na ação JPIC e na secularidade; 4) na Igreja, na Fraternidade e no mundo (Cf. Regra da OFS).

            Mas tudo isto não se consegue sem deixar de lado valores sensíveis. O hábito talar, modesto e penitente, a partir do final do século XIII, foi o distintivo externo dos terceiros. Contudo, tal austeridade penitente aplicada à secularidade dos irmãos nos palácios e nas oficinas tornou-se um peso excessivo para as pessoas da alta sociedade e um empecilho no trabalho dos artesãos. Júlio II (no ano de 1508), por causa das muitas reclamações, decidiu introduzir uma forma especial de hábito para os terceiros: o escapulário. Era composto por duas grandes tiras de pátio, que cobriam o peito e as costas, e que se prendiam na cintura por meio de um cordão.

            A seriedade da profissão na Ordem da Penitência, tomado como programa de vida de renúncias e de santidade, ao passar dos séculos, cedeu lugar a uma simples devoção. Começou um entusiasmo de ostentação nas classes superiores, falta de formação adequada, vivência fraterna, ausência da assistência da 1ª Ordem, e vários outros problemas de pertença e vivência da Regra.

            Segundo Terezinha Alves de Mello[4], no início do século XVIII, a Ordem Terceira foi duramente atingida com a “supressão” na Europa decretada por José II, Napoleão e outros. Com a Revolução Francesa os terceiros viram-se fragilizados e pagaram com a própria vida sua fidelidade a Igreja. Na era do iluminismo, muitos argumentos oriundos das ciências geraram um mal-estar na forma da identidade visual dos antigos terceiros seculares, e então, nem hábito, nem escapulário. O distintivo foi adaptado até chegar a um pequeno escapulário de cor marrom com as cinco chagas:

 


 1. A NOVA REGRA E O NOVO DISTINTIVO

            O Concílio Vaticano II colocou em plena luz a vocação do secular na Igreja, e orientou as organizações seculares de compromisso eclesial numa progressiva autonomia. Por meio da Constituição Dogmática Lumen Gentium, a Igreja afirma-se como Povo de Deus, e dentre vários aspectos, confirma sua sinodalidade constituída pelos fiéis em seus diversos serviços e ministérios. Por isso, também sentiu-se a necessidade do aggiornamento (atualização) da Ordem Terceira.

            Por outra parte, desde 1966 até 1978 se fez um valiosíssimo trabalho na redação de uma Regra renovada, que fosse uma verdadeira "forma de vida" evangélica e bem franciscana. E neste período, em 1973 foi criado o Conselho Mundial da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.

            Neste espírito, a Ordem Terceira de São Francisco de Assis (OTF) ou Terceira Ordem Franciscana (TOF), passa a ser chamada Ordem Franciscana Secular (OFS). Formada por cristãos que permanecendo no mundo, na diversidade de estado civil e condição social, se comprometem, por vocação a viver o Evangelho, em Fraternidade, observando a Regra aprovada pela Igreja Católica Apostólica Romana (Cf. Cânon, 702,1 = 587,2 - 303), mediante a Carta Apostólica “Seraphicus Patriarcha”, de 24 de junho de 1978, com Breve do Pontífice Paulo VI, “Sob o anel do pescador”, que aprovou a Regra renovada da OFS, que ab-roga e substitui a anterior do Papa Leão XIII.

            A característica principal da nova Regra é a SECULARIDADE. A OFS é secular por sua vocação, sua missão, seu governo. Os irmãos e irmãs franciscanas seculares são a presença viva do carisma franciscano na Igreja, na família, nos areópagos modernos. Aí está a nossa missão própria e insubstituível: no mundo, no "século". Nosso campo de vida e ação é "no vasto e complexo mundo das realidades temporais" (Puebla, 790).

            No Brasil, a reunião do Conselho Nacional de 15 a 17 de novembro de 1996, aprovou o novo distintivo do franciscano secular do país, que é o anterior, mais aperfeiçoado, bonito e que nos identifica como membros da OFS. Tem no círculo marrom a inscrição: “Ordem Franciscana Secular - Paz e Bem”; no círculo interno de fundo branco está colocado o mapa do Brasil, em amarelo, com o “Tau” inscrito, como está no livro “Documentos” e na “Regra”.


Os nossos documentos afirmam que, em virtude de ser a OFS uma Ordem Secular, não tem mais sentido o uso de um hábito ou veste à moda dos religiosos. O sinal distintivo externo de pertença a OFS é o “TAU”, na forma recomendada pelo Conselho Nacional. (CCGG 43; Estatuto Art.3º, parág. 2).

 

          

            O XIII Capítulo Geral da OFS[6], realizado em São Paulo/ SP/ BR, 22 a 29 de outubro de 2011, publicou um decreto sobre o uso de hábito como distintivo, que afirma: Como interpretação prática do artigo 43 das Constituições Gerais, o sinal distintivo de pertencer à Ordem é o "símbolo Tau ou outro símbolo franciscano".

            No entanto, uma Fraternidade da OFS pode estabelecer, em seus próprios estatutos nacionais, que o uso de um "uniforme" é um sinal de reconhecimento aceitável para os franciscanos seculares de seu próprio país, em conformidade com os seguintes critérios obrigatórios:

a) o uniforme não substitui o TAU ou outro símbolo franciscano escolhido pela Fraternidade Nacional;

b) a natureza do uniforme deve ser estabelecida nos estatutos nacionais, que devem conter uma descrição detalhada do mesmo (de preferência gráficos). O estilo do uniforme deve respeitar a secularidade dos membros da Ordem;

c) a forma do uniforme não deve ser semelhante ao hábito usado pelos membros de uma Ordem religiosa, para evitar criar confusão entre religiosos e seculares;

d) as ocasiões em que esse uniforme pode ser usado devem ser indicadas com precisão, no entanto, não se deve usar, somente durante os ritos de admissão e / ou profissão.

           


2. SINAIS DA IDENTIDADE RELIGIOSA E SECULARIDADE

            A Ordem Franciscana Secular (OFS) é uma associação pública de fiéis na Igreja, com personalidade jurídica própria. No seio da Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB), a OFS ocupa posição específica que se configura como uma união orgânica de todas as fraternidades católicas espalhadas pelo mundo e abertas a todos os grupos e fiéis (sejam estes ordenados ou leigos que não estejam ligados em outra espiritualidade ou carisma). Assim, os irmãos e as irmãs são impulsionados pelo Espírito a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular (Cf. Reg. 2; CCGG. Art. 3º). Por isso, compreendemos que a OFS é uma entidade religiosa única na Igreja. Não cabendo a nós, a compreensão de Institutos Seculares ou Vida Religiosa Regular, os quais emitem votos diretos de pobreza, obediência e castidade.

            Para nos ajudar a refletir sobre estes aspectos, o XIV Capítulo Geral da OFS, realizado na cidade de Assis/ It, 2014, publicou o artigo: “Como gerenciar uma Ordem mundial, como a Ordem Franciscana Secular em todos os níveis? Reflexão sobre a identidade e a natureza da OFS”.

            O Conselho Internacional da OFS (CIOFS) pondera que a OFS nunca foi uma Ordem de estrutura organizada de forma centralizada. Porque as quatro frações (divisões) da Ordem foram separadas por 5 séculos, e ainda hoje, se encontram problemas a respeito de como são compreendidos e vividos o sentido de unidade e de pertença. O caminho de unificação é bem longo, e ainda estamos neste processo.

            A Ordem Franciscana Secular, no pleno respeito da sua identidade e secularidade, está presente já em 115 países e conta com quase meio milhão de pessoas, incluindo a Juventude Franciscana. E soma, junto a Juventude Franciscana, aproximadamente, 65% de toda a Família Franciscana.  

            A OFS é uma ordem, no sentido pleno da palavra, uma "Ordem Verdadeira[7]", contudo, esta realidade muitas vezes é pronunciada, mas raramente compreendida. Formamos uma verdadeira ORDEM no século, ou seja, vivemos concretamente as condições de vida comuns no mundo, na secularidade.

            Não encontramos em nossa própria história modelos adequados. Na verdade, mesmo no tempo da nossa autonomia plena (1215-1471), não obstante os esforços de nossos antecessores, a Ordem nunca recebeu permissão para organizar-se como Ordem centralizada. Então, de 1471-1978, a Ordem viveu como um apêndice das Ordens religiosas franciscanas sob cujo controle viveu, sem qualquer tipo de coordenação ou de centralização própria.

            Somente a partir de 1978, é que a Ordem foi reconhecida, pela primeira vez na história, com o status da Ordem unitária, autônoma e centralizada e apenas após os anos 90 começou realmente a falar em termos concretos sobre unidade de governo e centralização. Compreendemos na OFS o "estado e estilo de vida" providencial e necessário suscitado por Deus em São Francisco. Este "estado secular" é absolutamente necessário para completude da família franciscana e da Igreja.

            Com isso, é importante dizer que há uma distinção entre secularismo e secularidade. Secularismo implica restringir a religião ao espaço privado exclusivamente. Já a secularidade supõe a permissão das expressões religiosas no espaço público como afirmação da própria liberdade de todos os cidadãos.

            As cristãs leigas e leigos são embaixadores de Cristo, participam do pleno direito na missão da Igreja, e tem um lugar insubstituível no serviço ao Evangelho. Para uma adequada formação de verdadeiros sujeitos maduros e corresponsáveis para a missão, é necessário que a liberdade e autonomia se desenvolvam na abertura solidária aos outros e às suas realidades (Cf. Documento 105 CNBB, 130).

            Deste modo, nossa presença no século é o maior sinal da graça de Deus para a edificação do Reino de Justiça e Paz. Seguindo os Conselhos da OFS, nosso distintivo no meio do povo é o uso do tau. Este deve expressar nossa pertença franciscana testemunhada com a vivência plena dos ensinamentos da Igreja e de nossa Regra.

 

3. UM DISTINTIVO PARA SER USADO NA IGREJA E SOCIEDADE

            Desde a aprovação de nosso atual distintivo em 1996, percebemos a falta de adesão ao mesmo. Muitos irmãos da OFS até usam um cordão com o tau, que se apresenta de diversos tamanhos, cores e formas. Além dos irmãos da OFS, o uso do tau se popularizou por diversos grupos de cristãos, de modo que já não se distingue quem é de fato um “verdadeiro” franciscano ou não.

            Percebemos, na prática, a necessidade dos irmãos e irmãs da OFS se adequarem ao que a Ordem nos pede. Não somente na forma de uso do distintivo legal, mas também na forma de viver, esta, podemos afirmar que é o nosso distintivo primeiro. De modo que o uso do sinal visível torna-se consequência de nossa vivência. Pois, ao adotarmos conscientemente nossa identidade visual com o uso do distintivo, estamos exteriorizando formalmente nossa profissão definitiva. Entretanto, o caminho é longo.

Uma camiseta marrom com a estampa do distintivo da OFS já é um bom começo de vestimenta para fins pastorais e encontros fraternos. Há outras formas de uso do distintivo que se apresenta com um pingente ou botão que devem ser usados sempre e nas diversas ocasiões da secularidade.

            Além disso, percebemos diversas outras iniciativas de Fraternidades locais que adotam uma “vestimenta”, espécie de uniforme, que com o uso do distintivo, são destinadas para situações específicas durante os ritos litúrgicos solenes, aos quais cabem maior formalidade e zelo fraterno no seguimento da teologia estética[8].


         Outras Fraternidades optam por manter alguns elementos devocionais da tradição, como o uso de vestidos marrons, escapulário e cordão.

 


Já outras Fraternidades, optam por uma bata marrom de mangas cumpridas e o tau para expressar o distintivo:

 


          No entanto, percebemos em várias Fraternidades a ausência do uso do distintivo orientado pelo Conselho Nacional, resumindo ainda mais nossa identidade visual que se confunde com outros grupos paroquiais ou simpatizantes do carisma. E será que a ausência do distintivo é um "problema"?

  


Para algumas Fraternidades, o apagamento do distintivo pode não significar um problema grave, que seja gerador de uma maior reflexão. Mas, para outras, isto pode significar o enfraquecimento da identidade visual da OFS, o prejuízo das representações semióticas e a perda da memorização de nossa presença simbólica e histórica. Pois, a Igreja é rica em carismas, e juntos com outras expressões seculares formamos a unidade da diversidade. Neste sentido, marcar nossa identidade faz-se necessário.

Grupo Paroquial Guarda Franciscana

     Acreditamos que a identificação simbólica da OFS, sobre tudo em ambientes eclesiais, precisa ser tratada com maior zelo. Deste modo, as obras da Fraternidade, e de cada irmão e irmã, testemunharão com maior organicidade o nosso belo carisma.

     Diante da falta de consciência do uso do distintivo, apropriações do tau por simpatizantes ao carisma, camisetas que se confundem com outras associações (...) percebemos que as diretrizes do Conselho Nacional sobre o uso do distintivo são adequadas para a representação de nossa identidade no século, no qual se prevê uma modéstia no vestir e o uso do tau (distintivo) de modo singelo, na forma de um pequeno pingente/ botão de 1,6 cm.


     No entanto, a instituição, a organicidade e a unificação da OFS seguem como um desafio em diversos locais. Às vezes, nossa identidade visual não tem a devida visibilidade, e isto pode se torna um problema na animação vocacional, na formação dos irmãos e na presença da OFS em ambientes eclesiais (sobretudo, nos ritos solenes).


     Em alguns países, existem Fraternidades[12] que adotam o uso de capas penitentes sobre a vestimenta secular em eventos solenes:

         


          Todavia, esta prática necessita de uma séria reflexão e maduro discernimento para: não ferir a secularidade, evitar o clericalismo, especificar seu devido uso, adequar às realidades locais da Fraternidade, respeitar a unidade na diversidade, etc.

          Além disso, quando não justificado devidamente, o uso de capas penitentes pode representar uma falha na formação inicial e permanente dos irmãos, uma vez que, é fundamental que as Fraternidades da OFS estejam conscientes que nossa pertença significa ser um cristão maduro na fé e na vivência do Carisma. Assumindo assim, nossa identidade, espiritualidade, vocação e missão na Igreja e na sociedade.

          Mesmo assim, algumas Fraternidades da OFS do Brasil foram inspiradas a adotarem capas penitentes. Não temos conhecimento das motivações precisas, mas supomos que isto advém da prática de países europeus, tradição da Venerável Ordem Terceira de São Francisco, toga jurídica/jaleco – expressões de areópagos laicais, ou simplesmente, veste litúrgica.




   [13]

            

          Irmã Mirian T. Kolling[14] explica que as vestes litúrgicas com suas formas especiais e cores variadas, são sinais para o povo e para os próprios ministros de que eles estão a serviço de Cristo e da Igreja (documento 43 da CNBB).

          Kolling cita Ione Buyst[15] que afirma que as vestes não são sinais de poder ou de superioridade: são símbolos que recordam a todos, em primeiro lugar a eles mesmos, que agora não estão atuando como pessoas particulares, mas como ministros "in persona Ecclesiae" e que, portanto, são servos. Sobre tal assunto, existem posições contrárias que nos provocam a nos aproximar da questão e discernir para as diversas realidade que estamos inseridos.

   [16]

          Enfim, é indiscutível que nosso testemunho de vida na Igreja, na Fraternidade, na família, na sociedade (...) é o melhor distintivo que existe, para além de questões semióticas. Todavia, falar sobre o distintivo da OFS implica em memória, formação, testemunho, secularidade, e por tanto, identidade. O assunto é extenso e necessita de reflexões mais profundas, valendo-se dos textos já disponíveis como “Francisco entre os seculares – Tópicos histórico-sociais” (Frei Egberto Prangenberg, OFM), dentre outros.    E no raiar do jubileu dos 800 da Ordem Terceira, nos parece oportuno revisitar nossa memória, renovar o compromisso e fortalecer a esperança. Que nossas Fraternidades, células de toda a Ordem, continuem sendo um sinal visível da Igreja, comunidade de amor: ambiente privilegiado para desenvolver o sentido eclesial, a vocação franciscana e a animação da vida apostólica dos irmãos e irmãs (Regra 22).

 

Belém, 11 de agosto de 2020

Festa de Santa Clara de Assis

 

Prof. Francisco José Corrêa de Araújo, OFS

Mestre de Formação da Fraternidade São Francisco de Assis - Belém/ PA.

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Comentário



[1] Luchésio e Buonadonna, In http://ofssudeste2.blogspot.com/2014/04/

[4] MELLO, Terezinha Alves de. “Dados coletados no Livro de Crônicas Regional”. In Caderno de textos formativos, orientações, celebrações, jograis, dinâmicas, exortações – OFS. fraternidade regional da região centro (GO. DF E TO.).

[7] Cf. http://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2002/november/documents/hf_jp-ii_spe_20021122_francescani-secolari.html

[8] https://teologiabrasileira.com.br/introducao-a-estetica-crista-parte-i/

[15] Revista de Liturgia 117 - Maio/Junho 1993